Eu estou pensando agora em
estranheza. Aquela que eu não queria para a gente e quando vi o papel estava na
porta para assinar.
Terminei te amando. Nunca, nunca
esperei que iria acontecer como aconteceu. Talvez no fundo eu tivesse vontade
de iniciar um processo que se arrastaria; talvez a sua reação tenha sido
exatamente o que eu pedi - não faz sentido tentar entender o que não faz sentido.
Para mim são tão claras as
nossas diferenças. A falta de interesse que a gente despertav um no outro, já no
final. Como se a gente fosse ordinariamente comum.
Mas, como é fácil lembrar do
extraordinário. Como é fácil lembrar das entonações da sua voz, as curvas do
seu corpo, da pressão exata ao entrar em você. Como é natural que meus pensamentos te achem ao
acordar e antes de dormir. É igual a lembrar de tomar o remédio de pressão. Ou igual a lembrar de tomar o floral, porque as vezes penso durante o dia também.
Você ainda me provoca sentimentos de toda sorte. Não, não de toda. Não posso dizer que te odiei em
qualquer momento. Eu quis, mas não consegui. Cheguei à raiva para me mexer: a
perplexidade de tanto não-dizer me paralisou. Momentos meus onde vivi em momentos nossos.
Hoje não entendo bem, Hoje
entendo tudo.
A sensação que me toma é de
plenitude e falta. Eu não nos imagino seguindo o mesmo caminho de mãos dadas,
eu não quero largar da tua mão. Não larga a minha mão?
Por entender que o que eu te
peço é demais, eu entendo ainda menos. Entendo mais de mim, suponho entender
mais de você e assim vou entendo cada vez mais, e menos, a gente.
Equação sem resolução, caso de físico. E, no entanto, como o Big Bang, existiu. Eu posso provar, eu estava lá. Eu vivi cada átomo da explosão que se resolve em si, expande e retrai, foi e ainda é.
Equação sem resolução, caso de físico. E, no entanto, como o Big Bang, existiu. Eu posso provar, eu estava lá. Eu vivi cada átomo da explosão que se resolve em si, expande e retrai, foi e ainda é.
Eu preciso olhar nos seus olhos.
Eu preciso deixar que o meu
coração fale a lingua que não cabe nas pontas do dedo e tente parar de se
debater, afogado, achando rochedo tranquilo. Para tentar firmar o leme
em qualquer direção.
Eu preciso te achar graça para
não te querer. E eu preciso não te querer porque muitos eus me gritam que não
quero.
Eu preciso fechar a porta e a
quero escancarada. Entra sempre, sem bater. Uma vez dentro, eu te perguntarei:
o que quer? Me diz. Você responde com silêncio. Me fita, me inquirindo.
Nós dois sabemos o que queremos.
Eu quero eu. Você quer você. Abismo, espelho, cosmos, matéria, mistura, qual
forma?
Incompatibilidade inexplicável e compatível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário