terça-feira, 5 de junho de 2018

Quando me vi vento me desesperei para não esvair entre seus dedos.
Soprei o teu rosto talvez um pouco forte demais
Perdoe, foi para que me sentisse, ainda, perto de você.

Tentava te envolver e em vão me fazia, aprendendo o evento que é ser vento.

Quando me senti vento,
não mais me sentia.
As pessoas continuaram sendo pessoas, até você deve ter continuado sendo você.

Eu, brisa. Quente, horizontal, gelada, suave, ríspido, circular.

Existindo preenchendo vazios, ocupando tudo que é disponível. O deixar de ser é o meu permanecer.

Conheço, pois, a existência sem limites, tendo todas as possibilidades e, no entanto, nenhuma. Sendo vento, meu ir não vai, de fato, a canto algum.
Já estou,
mesmo que indo eu possa até uivar.
mesmo que meu movimento leve o que vai pelo caminho: folhas, máquinas, gente, você.

Não veja melancolia nas minhas palavras de vento. Mesmo que houvesse uma, não me bateria à porta nenhum título de saudosismo a cobrar boletos.

Experimento a liberdade, que só é possível inteira,
que não saberia aceitar complementos ou adjetivos que tentassem definí-la.

Vento-me livre,
sopro-me,
sou.


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