segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Sem pensar

Felizes são as pessoas que gostam de pagode.

Os que conseguem reconhecer suas mágoas, angustias, conquistas e plenitude nas poucas palavras que cabem entre os laiá laiá e derê derê. Que, de olhinhos fechados, ora sorriem, ora escorrem lágrimas. Mas que conseguem, com facilidade, ver seus sentimentos transpostos literais em letras e melodias triviais.

As vezes, eu queria ser raso como um espelho d'água.

Mas eu e meu ego pensamos em mim como uma ópera de Vivaldi. Interpretada pela filarmônica de Berlim. Com a participação de uma cantora de ópera italiana bem gorda e com muito pó de arroz. Na regência? Ray Charles. Ou Stevie Wonder, para ser contemporâneo.

A imponência da explosão de todos os instrumentos combinados, no auge de uma virada de fase da longa história, só existe tão cheia de peso graças aos silêncios curtos. Os sentimentos que se apresentam nas mais variadas escalas e nuances só são reconhecidos porque existem em detrimento de outros, se esvaziando em opostos em uma escala igualmente rica.

Berlim, porque é adoravelmente caótica. Italiana pelo drama, gorda pelo desafio. Entre Ray ou Stevie, tanto faz. Ás vezes, pra dar jeito, só enxergando com o coração.

Ou curtindo um pagodinho bom.


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