Pensando em sentimentos que não sei sentir, tento organizar peixes em virgem; enxergar o cosmos com uma lanterna.
Me perco em metáforas não-solutivas, inventando máscaras e cobrindo-as com véus.
Novamente e pela primeira vez, fico íntimo da noite.
Saboreando a embriaguez que sentimentos desencontrados trazem ao labirinto, conheço um novo lado da nossa relação.
Calma. Silenciosa. Vagarosamente amedrontadora. Me observa placidamente. E eu troco as vontades como quem troca o lixo: casual, apática e rapidamente.
Alimenta meus cálculos. Quantas horas de sono? Quantos anos e dedicação trarão o sucesso profissional almejado há três minutos? Quanto de mim é meu e quanto é imaturamente pueril, engatando respostas ditas certas sequencialmente?
Em quanto tempo isso -e eu- vai passar?
Quando as estrelas cobrem o céu, trazem com ela minhas dúvidas para seu banho de lua. Com os pés na terra, tento entender o que se passa enquanto asas se chocam milhares de pés acima. Chovem certezas, necessidades, tesões e medo. Serenam sentidos e significados cuja existência eu não imaginava.
Dentro de mim naufragam navios, balões alçam vôos. Eu me afogo enquanto pulo de árvore em árvore. Em mim, maremotos afagam vulcões incomodados. Vou à guerra com uma espada cega e os olhos vendados. Saio, aparentemente, ileso. Cheiro de carne queimada, cinzas...Gritos e súplicas agonizantes. Sou eu quem os escuta e quem os profere.