Como ser externar, em papel, palavras ou atos; ser tudo e todos que habitam meu corpo, como ser tantos e só eu?
As vontades se revezam. Ora se guardam, ora aparecem, pálidos seres que fogem perante os raios de sol...Somente para emergir em sedução e imponência numa noite qualquer, na frase mais solta da conversa mais informal.
Todos os rios que me fazem desaguam no mar. Inquieto, revolto. A ânsia por marés calmas dura o suficiente para potencializar no querer de uma nova rajada de inquietude. A minha estagnação tem sazonalidade pontual, varia com as estações. Deixo para os outros viver em paz, insatisfeitos vez ou outra, nunca com força suficiente para estimular a mudança, e por isso remam conforme a direção de seus rios.
Eu não. Eu quero ser o encontro dos desencontros. Não é o movimento que faz tudo ser? Mas porque a minha dança é tão confusa, quando entro em cadência, por vontade, perco o passo. Se toca samba, quero jazz e quando a voz é melosa e o saxofone soa gostoso, quero acordes eletrônicos.
Não precisa mais ser agora, mas precisa ser breve. A sensação de morte iminente ao chegar na praia está domada (até quando?). Resta saber que corrente seguir, que sereia escutar, deixar ou não por levar? Encontrar o acalento que se anuncia mais que certo. De quem? Do que? Por hora não me interessa saber.
Quero chegar, ver no que vai dar e mudar tudo sempre. E de novo para que o novo não me deixe ao largo jamais.