Faz tanto tempo que não escrevo que talvez tenha esquecido como se faz. Mas não vou me forçar à produção de qualquer coisa que aspire a ser outra coisa, senão a escrita que talvez já fosse oca será vazio em tinta azul.
Ao som clichê dos jovens que, por possuírem gostos dúbios culturalmente, se julgam salvos por Chico Buarque vou tentar transpor sentir em papel.
Tem tanto tempo que me sinto perdido no nada que eu nem sei. Eu falo, reclamo, brigo comigo. E esqueço. São tantas pessoas, coisas, lugares e senso-comuns... Eu luto contra a idéia de que a vida, a minha vida, deva seguir lovingLucymente. Quero um Almodóvar, um Kubric vá lá...Mentira. Na verdade eu quero uma comédia romântica que tenha água com açucar desde a primeira letra da primeira palavra do roteiro. Pode no máximo ser do Woody, pra ter no mínimo a inteligência que no momento me foge pra pensar na minha própria história.
Estou estacionado na insatisfação. Trabalho, amigos, amor e desatenção. Preciso me evadir de tudo e ao mesmo tempo busco um novo, o inesperado e desconhecidos nos locais em que nem preciso de luz pra me ambientar.
Meu eu não sabe ser reflexivo introspectivo e eu não consigo variar escolhas mecânicas. É dilema, paradoxo, paradigma? Não.
Preciso mesmo é ser apresentado ao ser fantástico e maduro que reside dentro de mim, envolto por redomas que tento quebrar com uma mão enquanto a outra mantém a última sob seu jugo firme.
E o que será necessário para puxar o gatilho e dar um tiro na inércia? Ponho todas as fichas da minha incerteza em outra, "All In, Si Vous Plaît".
Mas não tenho medo não. Agora ao som de Caê, continuo com fome de mundo, de vida, de gente e informação, pra jogar tudo -live- no meu caos que talvez nunca se ponha em ordem.
Vou encarando tudo como meu medo de avião: quase morro do coração nas turbulências, mas apesar do suor frio nunca duvido da chegada.